Fotografia o excesso de imagens, como lidar
Excesso de imagens a fotografia, que já foi uma arte rara e cuidadosamente planejada, tornou-se onipresente com a popularização das câmeras digitais e dos smartphones, com o excesso de imagens, estamos perdendo a capacidade de ver?
FOTOGRAFIA
Silas Ferreira
4/3/20253 min read
O Excesso de Imagens: Estamos Perdendo a Capacidade de Ver? Vivemos em uma era de abundância visual. Diariamente, somos bombardeados por milhares de imagens: nas redes sociais, em anúncios, em notícias, até mesmo nas conversas casuais pelo celular
Vivemos em uma era de abundância visual. Diariamente, somos bombardeados por milhares de imagens: nas redes sociais, em anúncios, em notícias, até mesmo nas conversas casuais pelo celular. A fotografia, que já foi uma arte rara e cuidadosamente planejada, tornou-se onipresente com a popularização das câmeras digitais e dos smartphones. Mas será que essa enxurrada de imagens está mudando a forma como as percebemos? O excesso pode estar, paradoxalmente, nos tornando menos atentos ao que vemos?
A saturação visual e seus efeitos, estamos Perdendo a Capacidade de Ver?
Estima-se que uma pessoa média veja entre 4.000 e 10.000 imagens por dia, desde fotos de amigos até propagandas piscando em telas. Esse volume impressionante cria o que especialistas chamam de "fadiga visual" ou "sobrecarga sensorial". Quando tudo é imagem, o cérebro humano, que evoluiu para processar informações de forma seletiva, começa a filtrar o que considera menos relevante. O resultado? Fotos que antes poderiam emocionar ou surpreender passam a ser apenas mais um frame em um fluxo interminável.
Pesquisas em psicologia da percepção sugerem que, diante de tanta exposição, nossa atenção se torna mais superficial. Uma imagem impactante – como uma cena de guerra ou um pôr do sol perfeito pode perder força quando vista ao lado de dezenas de imagens. Esse fenômeno levanta uma questão: será que a quantidade está banalizando a qualidade?
A banalização da fotografia
No passado, tirar uma foto exigia intenção. O rolo de filme tinha limite, o processo era caro e o resultado, demorado. Hoje, com um clique, podemos capturar dezenas de imagens em segundos. Essa facilidade democratizou a fotografia, mas também diluiu seu valor simbólico. Quando tudo é fotografado do café da manhã à placa de trânsito , o ato de registrar perde sua aura de especialidade. E com isso, o olhar do espectador também se transforma.
Fotógrafos profissionais e artistas visuais têm notado essa mudança. Muitos relatam que o público está menos disposto a parar e contemplar uma imagem. Em exposições, por exemplo, é comum ver visitantes tirando fotos das obras para "consumir" depois, em vez de apreciá-las no momento. A fotografia, que já foi um convite à reflexão, corre o risco de se tornar apenas mais um item descartável na timeline.
O impacto nas pessoas e na sociedade
Essa saturação não afeta apenas nossa relação com a arte ou a estética. Ela também influencia como processamos informações. Em um mundo onde notícias são acompanhadas de imagens chocantes a cada segundo, a repetição pode gerar descaso. Um estudo da Universidade de Sussex, no Reino Unido, mostrou que a exposição constante a imagens de violência ou sofrimento pode reduzir a empatia ao longo do tempo, como se o cérebro se "acostumasse" ao impacto emocional.
Por outro lado, há quem defenda que o excesso de imagens é apenas uma nova realidade à qual estamos nos adaptando. Assim como a invenção da imprensa trouxe uma avalanche de textos, a era digital nos desafia a reaprender como filtrar e valorizar o visual. Talvez o problema não esteja na quantidade, mas em como escolhemos consumir ou ignorar o que vemos.
Um convite ao olhar
Para os amantes da fotografia, esse cenário é tanto um alerta quanto uma oportunidade. Em meio ao caos visual, imagens que contam histórias únicas, com composição cuidadosa e significado profundo, ainda têm o poder de se destacar. Como criadores e espectadores, podemos resgatar o valor da fotografia ao desacelerar: escolher o que capturar, o que compartilhar e, sobretudo, o que realmente merece nossa atenção.
O excesso de imagens não precisa ser o fim da percepção. Ele pode ser o início de um movimento para reaprender a ver com mais intenção, mais cuidado e, quem sabe, mais admiração.